Homem de confiança do ministro, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, vinha se queixando da postura de Bolsonaro sobre a pandemia
Wanderson e Mandetta: o secretário de Vigilância em Saúde participava diariamente das coletivas no Planalto (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Em meio às incertezas
sobre a permanência do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o
secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Wanderson de Oliveira,
pediu demissão na manhã desta quarta-feira, 15. A informação foi
confirmada pelo Ministério.
Homem de confiança de
Mandetta, ele era o responsável direto por desenhar as medidas de
combate à pandemia de coronavírus e participava diariamente das
coletivas de imprensa no Palácio do Planalto. Nas últimas semanas,
vinha se queixando a colegas sobre o discurso do presidente Jair
Bolsonaro contrário ao isolamento social mais amplo.
Nesta manhã, Wanderson
enviou por e-mail uma carta a seus subordinados em que avisava que a
saída de Mandetta estava programada para “as próximas horas ou
dias” e era a hora de se preparar para sair junto. Ele, que é
enfermeiro epidemiologista, estava no cargo pela indicação do
ministro.
Na carta, revelada pelo
jornal Folha de S.Paulo, Wanderson deixa claro que não há como
dizer o momento exato da demissão do ministro e nem como ela será
feita, se por um aviso formal e “respeitoso” ou uma demissão
pelo Twitter.
O secretário já havia
dado sinais de retirada ao distribuir na terça a colegas um
relatório sobre a sua gestão. Ele é o primeiro a anunciar sua
demissão, mas boa parte dos secretário devem sair se for confirmada
a demissão de Mandetta, de acordo com duas fontes ouvidas.
Por enquanto, o
ministro da Saúde. ainda matem a decisão de que aguardar sua
demissão, sem pedir para deixar o cargo. Do Planalto não há
informações oficiais sobre a demissão de Mandetta. Ao sair do
Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse a apoiadores que iria resolver
“a questão da saúde” para “tocar o barco”, mas não citou o
nome do ministro.
Ainda está prevista a
participação de Mandetta na tradicional entrevista no Planalto com
atualização dos números da epidemia, no final da tarde.
Por / Da redação, com
Reuters e Estadão Conteúdo