ISEV desviou R$ 24 milhões de hospitais e instituições que administrou, aponta o MP
O Instituto de Educação
e Saúde Vida (ISEV), que administrou o Hospital São José de Dois
Irmãos de 2014 até meados de outubro do ano passado, é alvo de
denúncia do Ministério Público (MP) de Dois Irmão.
Uma investigação de
mais de um ano e meio, comandada pelo promotor público de Dois
Irmãos, Wilson Grezzana, descobriu que os gestores do ISEV criaram
uma conta fraudulenta e desviaram pelo menos R$ 24 milhões do
hospital de Dois Irmãos e de outras cidades, cujas casas de saúde
eram administradas por eles, para não pagar as dívidas das
unidades. O ISEV administrou também o Pronto Atendimento de Arroio
dos Ratos até meados de 2018.
DENÚNCIA REVELOU
MANOBRA FRAUDULENTA
Conforme apontado pela
denúncia, o ISEV transferia com frequência dinheiro da sua conta
para a Associação São Bento, com sede em Porto Alegre. A
associação foi criada, segundo o promotor, como uma conta laranja e
a investigação dessa manobra fraudulenta com o dinheiro público
começou através de uma denúncia anônima. O denunciante fez
revelações sobre a fundação da São Bento e repassou os dados
necessários para conseguir a quebra do sigilo das contas bancárias
da instituição e, assim, confirmar as transferências.
A denúncia por
improbidade administrativa contra quatro pessoas foi feita ao
Judiciário no último dia 23 de agosto. Grezzana pediu, em caráter
liminar, a indisponibilidade dos bens dos denunciados. Veículos e
imóveis não poderão ser vendidos e ficarão como garantia, caso
estes sejam condenados. Os bens são a garantia de que a sentença
possa ser paga.
QUEM SÃO OS
DENUNCIADOS
A denúncia do MP é
contra o ISEV, Associação São Bento e as pessoas de Juarez Ramos
dos Santos, Reni dos Santos, Beatriz Brandi Vieira e Lucia Bueno
Mainieri, todos de Porto Alegre e vinculados às instituições.
Juarez é o diretor do ISEV e também consta como um dos fundadores
da São Bento. Reni é presidente da São Bento, Lúcia é
vice-presidente e Beatriz é tesoureira do ISEV.
- Ambos têm vínculos
com o instituto e a associação. A São Bento nunca prestou
serviços, ela é uma conta laranja para receber os depósitos do
ISEV - destaca o promotor.
Ele explica que o ISEV
estava fazendo diversas transferências para a São Bento a fim de
evitar que valores existentes em sua conta bancária fossem
penhorados. Essas transferências e a fundação da associação
começaram justamente depois que os atrasos de fornecedores,
prestadores de serviços e demais não pagamentos foram denunciados
ao Conselho de Saúde e o mesmo começou a solicitar documentos.
- A contabilidade do
ISEV era fragilíssima. Apresentar um balancete é fácil, a
transparência é com a apresentação de notas – conclui o
promotor.
ESTRATAGEMA
No período de 29 de
setembro de 2017 a 30 de abril de 2018, o ISEV transferiu de sua
conta para a São Bento mais de R$ 24 milhões.
- Essas transferências
não envolvem apenas a unidade de Dois Irmãos, mas também valores
vinculados a outras unidades onde serviços análogos eram prestados
- relata o promotor Grezzana.
Além disso, Grezzana
revela que também foram feitos depósitos entre as contas dos
denunciados e funcionários. Em audiência na Promotoria, Lucia
chegou a confessar que até para contas pessoais houve transferência.
CONTRAPONTO
Até a publicação
desta matéria o ISEV não retornou o pedido de posicionamento
Com informações de O
Diário da Encosta da Serra
reprodução
de texto
Portal
de Notícias